Total de óbitos no Brasil entre vacinados e não vacinados

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Fomos a primeira equipe do Brasil a apontar o número de óbitos entre vacinados e não vacinados no país, além de apresentar dados de acordo com a marca da vacina. Você viu primeiro aqui. Você continua vendo aqui. Os dados são públicos, estão disponíveis no Ministério da Saúde e nós temos um compromisso com a verdade. O assunto é de evidente interesse público e individual, e as pessoas têm o direito à informação.

O novo levantamento vai até o final de outubro (o trabalho anterior foi publicado aqui em 16 de setembro e alcançava até 28/08). Além do Brasil, Estados Unidos e Israel, o trabalho agora também alcança outros 4 países: Itália, Polônia, Escócia e Canadá. Comentários:

a) as vacinas diminuíram as mortes por COVID no Brasil. A quantidade de óbitos entre os não vacinados foi muito superior à dos óbitos entre vacinados;

b) no Brasil, os não vacinados tiveram 9 vezes mais chance de morrer de COVID em relação àqueles que tomaram a vacina;

c) 96% das pessoas que faleceram após duas semanas da segunda dose tinham mais de 60 anos.

d) entre as vacinas, a ordem de redução dos óbitos foi Pfizer, Janssen, Astrazeneca e Coronavac. A Janssen leva vantagem estatística na conta, por ter sido menos empregada. A Coronavac cumpriu a missão de abrir o processo de vacinação no país com os mais velhos – e leva desvantagem por isso. De qualquer forma, a continuidade de utilização da vacina à essa altura, quando já há outras marcas disponíveis, somente se justifica para as pessoas que prefiram tomá-la (a vacina é baseada em tecnologia de vírus inativado, mais tradicional) ou não possam tomar outra vacina.

e) no Brasil, o desempenho das vacinas ainda é muito inferior àquele de outros países. Os motivos prováveis são a eficácia menor das vacinas empregadas aqui, somada da forte onda vivida no começo do ano.

f) no balanço geral da luta contra a COVID, os benefícios da vacinação da população foram significativamente superiores aos custos. Isso não autoriza dispensar a ponderação individual sobre os riscos e benefícios. É um direito de cada um fazer essa ponderação, considerando as suas circunstâncias pessoais e as informações sobre cada produto (especialmente aquelas disponibilizadas nas bulas pelos fabricantes). É isso o que estabelece a ética médica. Por esse motivo, não sou favorável a sancionar pessoas que não queiram tomar vacina, proibindo-as de frequentar determinados lugares ou determinando que percam o emprego (pelo menos até que haja admissão inequívoca, por parte dos fabricantes, de que os efeitos a longo prazo estão medidos). Eu me vacinei. Recomendo a vacinação. Nosso estudo aponta os benefícios coletivos da vacinação. Mas a autonomia individual precisa ser respeitada. 

Observações: 1) 204.923 óbitos foram lançados nos registros do Ministério com a identificação de “ignorado” em relação à vacinação e não foram computados no levantamento; 2) o levantamento não afere a eficácia individual das vacinas na vida real, nem tem essa pretensão; 3) 14 dias após a segunda dose (ou a primeira, no caso da Janssen) é a marca a partir da qual o CDC americano e os institutos de saúde dos demais países consideram uma pessoa completamente imunizada. Em virtude de atualizações na base de dados do SUS, o presente estudo pode apresentar divergências com estudos anteriores.